Série: Cômodo Escuro

                                            Fotografia, Videoarte e Direção criativa

                                                                        2021

Eu ando pensando no tempo e em como ele é revelador da vida em mim. 

Ele é como aquela máquina de fotografia analógica, em um segundo regista cenas da vida em filmes. Os negativos passam por um longo processo de revelação para serem vistos, passam por produtos químicos, água e tempo de secagem. 

O filme possui um tempo exato de ficar submerso junto ao produto químico em que transforma haletos de prata em prata metálico para que a fotografia seja revelada. O processo de desvelar a imagem precisa ser interrompido no momento preciso para que a foto não se torne breu. 

 Água, cômodo escuro, tempo de revelação e nascimento da imagem tirada do passado. O tempo tem sido o fotografo da minha existência, esses meses ele me colocou em um cômodo escuros somente com a minha presença, me lavou, me secou e sussurrou em meus ouvidos memórias já esquecidas de quem eu sou. Confrontada entre as minhas imagens do passado e as idealizações que almejo ser, tropecei nas frustrações da minha própria existência.

 Dentro daquele quarto escuro o tempo me acalentou em seus braços, depois de limpa e seca, com uma nova revelação de quem estou sendo eu pude me encarar nos olhos observando cada ferida que possui em mim. 

Água, cômodo escuro, tempo de revelação e nascimento de uma nova imagem sobre mim. Ando sendo revelada pelas mãos do tempo.